Um dia desses recebi da vida um presente. Pela janela do meu quarto um beija-flor veio me visitar. Ele entrou ousadamente e parou na torneira mais perto, ali bebeu água. Depois passeou pela casa, como que se estivesse procurando por algo ou alguém.
Parou perto da cortina, suas asas frenéticas disbribuiam cores e vida. Ele passou por mim, parou na janela e como que dando adeus virou de um lado para outro, olhou e esperou o meu consentimento, então balancei a cabeça e ele se foi.
A minha vida tem sido assim, cheia de cores. Esse cuidado e carinho de Deus me alegrou e deu um colorido ao dia, que eu não esperava. Vivo assim, sempre surpreendido pelos pequenos gestos da natureza, que são grandes gestos de Deus.
A cor deixada pelo beija-flor, uma mistura de azul escuro, com traços amarelos em movimentos cadenciados tocou os dias seguintes. Eu me lembro das paradas dele em sua visita pela casa, o som de suas asas e as cores de seu movimento. Para mim cada movimento tinha uma cor que encheram e enchem a minha casa, a minha vida.
Depois que ele passou pela minha casa, a natureza de todos ali nunca mais foi a mesma, como que se fosse retirado de cada um a dor de existir. Deu sentido a nossa vida.
Antes dele chegar a vida me parecia apenas o preto e o branco e alguns tons variados entre essas duas cores. Mas sua visita mudou os tons e as matizes existentes trazendo cores infinitas.
Eu não sou bom com cores, eu sei apenas que preciso de mais poesia, para colorir vida, afinal a vida é um instante que vive para eternidade.
Sou hoje as cores em transformação, trocando os tons acinzentados causados pela individualidade, egoísmo e vaidade, pelas cores infinitas da harmonia, da paz, da esperança e do amor.
Penso a vida em cores.
Penso a vida em movimentos coloridos.
Vivo cada dia, sempre como se fosse o último.
Vivo um dia de cada vez e suas mais variadas formas e tons.
Vivo mais que penso, porque pensar é adoecer a alma.
Vivo porque a cor da viver, vale a pena.
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